* por Mike Ajnsztajn, co-fundador da ACE
Em geral nós não emitimos a nossa opinião política na ACE, mas diante do que está acontecendo nos Estados Unidos e do impacto no resto do mundo, preciso tomar uma posição.
Sou imigrante nos Estados Unidos e tenho dupla nacionalidade desde 2003.
Eu não precisava da nacionalidade americana porque com meu Green Card e o passaporte Brasileiro nunca senti discriminação alguma, ou qualquer problema para entrar e sair do USA, e eu viajo muito.
Resolvi adotar nacionalidade Americana e ter a dupla nacionalidade por causa do ataque ao World Trade Center de 11 setembro de 2001.
Me senti patriota, resolvi participar mais profundamente, sofri na pele junto com muitos a morte de amigos. O processo para minha naturalização demorou 2 anos.
Meus pais eram refugiados.
Meu pai foi refugiado da Segunda Guerra Mundial, perdeu toda a família para o nazismo e foi para o Brasil, um país que o acolheu de portas abertas e que ele adorava a cada segundo de sua vida.
Minha mãe foi refugiada da revolução nacionalista de 1956 no Egito, teve que sair correndo do país e foi também para o Brasil.
Foi assim que eu nasci no Brasil, filho de refugiados.
Mas não faço esse texto só por mim – e sim por todo ecossistema empreendedor.
Entenda: Trump suspende a entrada de imigrantes muçulmanos nos EUA
Saiba mais: ONU diz que veto de Trump é ilegal e mesquinho
Imigração e o Ecossistema de Startups
O ecossistema reagiu, se mobilizou rapidamente e as principais Startups do mundo já fizeram sua parte ajudando a ACLU (America Civil Rights Union), que está defendendo os refugiados e todos que foram banidos de entrada nos USA com centenas de advogados fazendo plantão em aeroportos e oferecendo seus serviços gratuitamente.
Startups mobilizadas:
O Lyft fez uma doação de 1 milhão de dólar para a ACLU e reforçou seus valores para seus clientes – eu inclusive recebi este e-mail deles.
O seu concorrente Uber entrou em polêmica por “furar” a manifestação no aeroporto de JFK, mas depois o CEO Travis Kalanick afirmou que a medida presidencial vai “contra tudo que o Uber acredita”.
O Airbnb oferece moradia gratuita para quem foi banido de entrar nos Estados Unidos, e o CEO Brian Chesky twittou a respeito.
O Google acaba de reservar US$ 4 milhões para doar a causa de imigração.
A YCombinator convidou a ACLU para acelerar e ajudá-los a a crescer e se preparem melhor para este desafio.
Fundos e VCs se mobilizaram, como o Fred Wilson da Union Square Ventures e o Brad Feld do Foudry Group, que anunciaram que cobririam as doações feitas ao ACLU em até US$ 20 mil dólares dobrando os valores doados. Eu também fiz minha doação.
Em 3 dias, a ACLU levantou US$ 24 milhões, 6 vezes mais do que a média anual.
Além deles, empresas como Starbucks, Ford, Apple, Microsoft, Netflix e outras startups e empresas também se voltaram contra a medida.
Trump é um presidente incompetente.
O CEO do maior país do mundo não sabe escolher uma equipe, não consegue traçar um modelo de negócios, não tem visão de futuro e não consegue discernir o certo do errado porque não validou a hipótese de como aumentar a segurança dos Estados Unidos.
Este CEO com certeza não passaria no nosso processo de seleção.
Vamos ser abertos?
Nós sabemos que muitas das startups e empresas que doaram precisam de talento internacional e por isso faz sentido eles defenderem seus funcionários.
Mas a causa é válida, em prol da igualdade e oportunidade para todos! Sonho em poder fazer algo parecido para várias causas no Brasil. Vem comigo?
Tentamos fazer a nossa parte a favor da igualdade na ACE.
No nosso time temos brasileiros, estrangeiros, brancos, negros, amarelos, indígenas, heterossexuais, gays, católicos, judeus, cristãos, candomblé, hare krishnas, ateus e somos abertos a todos os credos, raças, nacionalidades e opiniões.